Voeu
Si j'étais la feuille que roule
L'aile
tournoyante du vent,
Qui
flotte sur l'eau qui s'écoule
Et
qu'on suit de l'oeil en rêvant;
Je
me livrerais, fraîche encore,
De
la branche me détachant,
Au
zéphyr qui souffle à l'aurore,
Plus
loin que le fleuve, qui gronde,
Plus
loin que les vastes forêts,
Plus
loin que la gorge profonde,
Je
fuirais, je courrais, j'irais!
Plus
loin que l'antre de la louve,
Plus
loin que le bois des ramiers,
Plus
loin que la plaine où l'on trouve
Une
fontaine et trois palmiers;
Par
delà ces rocs qui répandent
L'orage
en torrent dans les blés,
Par
délà ce lac morne, où pendent
Tant
de buissons échevlés;
Plus
loin que les terres arides
Du
chef maure au large ataghan,
Dont
le front pâle a plus de rides
Que
la mer un jour d'ouragan.
Je
franchirais comme la flèche
L'étang
d'Arta, mouvant miroir,
Et
le mont dont la cime empêche
Corinthe
et Mykos de se voir.
Comme
par un charme attirée,
Je
m'arrêterais au matin
Sur
Mykos, la ville carrée,
La
ville aux coupoles d'étain.
J'irais
chez la fille du prêtre,
Chez
la blanche fille à l'eoil noir,
Qui
le jour chante à sa fenêtre,
Et
joue à sa porte le soir.
Enfin,
pauvre feuille envolée,
Je
viendrais, au gré de mes voeux,
Me
poser sur son front, mêlée
Aux
boucles de ses blonds cheveux;
Comme
une perruche au pied leste
Dans
le blé jaune, ou bine encore
Comme,
dans un jardin céleste,
Un
fruit vert sur un arbre d'or.
Et
là, sur sa tête qui penche,
Je
seraism fût-ce peu d'instants,
Plus
fière que l'aigrette blanche
Au
front étoilé des sultants.
Cuando Víctor Hugo incluyó este poema en su obra Les Orientales no podía imaginar los quebraderos de cabeza que originaría a un buen puñado de internautas del siglo XXI. Y es que más de un siglo después de la publicación de este poemario, el periodista y escritor brasileño Sérgio Jockymann dedicó unas palabras a los lectores del diario Folha da tarde con motivo de las fiestas navideñas, bajo el nombre de Os votos (Los votos o Los deseos), muy parecido al título que decidió poner Victor Hugo a su poema Voeu.
Os
votos
Pois
desejo primeiro que você ame e que amando, seja também amado.
E que
se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde mágoa.
Desejo
depois que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo
também que tenha amigos e que mesmo maus e inconsequentes sejam corajosos e
fiéis.
E que
em pelo menos um deles você possa confiar e que confiando não duvide de sua
confiança.
E
porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos hem poucos,
mas na medida exata para que algumas vezes você se interpele a respeito de suas
próprias certezas.
E que
entre eles, haja pelo menos um que seja justo para que você não se sinta demasiadamente
seguro.
Desejo
depois que você seja útil, não insubstituivelmente útil mas razoavelmente útil.
E que
nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para
manter você de pé.
Desejo
ainda que você seja tolerante, não com que os que erram pouco, porque isso é fácil,
mas com aqueles que erram muito e irremediavelmente.
E que
essa tolerância nem se transforme em aplauso nem em permissividade, para que
assim fazendo um bom uso dela, você dê também um exemplo para os outros.
Desejo
que você sendo jovem não amadureça depressa demais,
e que
sendo maduro não insista em rejuvenescer,
e que
sendo velho não se dedique a desesperar.
Porque
cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram
dentro de nós.
Desejo
por sinal que você seja triste, não a ano todo, nem um mês e muito menos uma
semana, mas apenas por um dia.
Mas que
nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é
insosso e o riso constante é insano.
Desejo
que você descubra com o máximo de urgência acima e a despeito de tudo, talvez
agora mesmo, mas se for impossível amanha de manha, que existem oprimidos,
injustiçados e infelizes.
E que
estão à sua volta, porque seu pai aceitou conviver com eles.
E que
eles continuarão à volta de seus filhos, se você achar a convivência inevitável.
Desejo
ainda que você afague um gato, que alimente um cão e ouça pelo menos um João-de-barro
erguer triunfante seu canto matinal.
Porque
assim você se sentirá bom por nada.
Desejo
também que você plante uma semente por mais ridícula que seja e acompanhe seu crescimento
dia a dia, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo,
outrossim, que você tenha dinheiro porque é preciso ser prático. E que pelo menos
uma vez por ano você ponha uma porção dele na sua frente e dita: Isto é meu.
Só para
que fique claro quem é o dono de quem.
Desejo
ainda que você seja frugal, não inteiramente frugal, não obcecadamente frugal,
mas apenas usualmente frugal.
Mas que
essa frugalidade não impeça você de abusar quando o abuso se impor.
Desejo também
que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você. Mas que se morrer, você possa
chorar sem se culpar e sofrer sem se lamentar.
Desejo por
fim que,
sendo mulher,
você tenha um bom homem
e que sendo
homem tenha uma boa mulher.
E que
se amem hoje, amanhã, depois, no dia seguinte, mais uma vez e novamente de
agora até o próximo ano acabar.
E que
quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham amor para recomeçar.
E se
isso só acontecer, não tenho mais nada
para desejar.
Sérgio Jockymann (Folha da tarde, 30/12/1978)
Con el transcurso del tiempo, alguien confundió los dos poemas y atribuyó erróneamente a Víctor Hugo el poema de Sérgio Jockymann. Por si esto fuera poco, cuando uno - por desconocimiento - busca el principio del poema en francés (je souhaite), encuentra una traducción inexacta e incompleta; y si lo buscáis en castellano, los primeros resultados que se encuentran son precisamente traducciones de la versión francesa.
Yo misma caí en el error hace unos años y hoy me apetecía leerlo de nuevo para trabajarlo en clase con mis alumnos. Me parecía muy extraño que no pudiera encontrar información de la obra en la que se publicó, hasta que media hora después he visto cual era el error. Así que he vuelto a encontrarme con la misma lección: aunque tenga prisa por encontrar algo, más vale indagar y contrastar la información que circula por Internet para evitar meter la pata...
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